Você faz ideia do que uma mulher é capaz?
Tenho estudado bastante sobre o desemprego, porque, nós da Academia WorkArea, queremos conhecer profundamente o público que pretendemos ajudar na nossa jornada. E um dado que sempre me surpreende e entristece é a desvantagem que as mulheres possuem quando falamos de emprego.
Você já acompanhou uma mãe cuidando de um filho, ou dois ou três? E uma mãe de criança especial, você já presenciou o dia a dia dela?
Tirando o lado romântico da maternidade, que é o que a maioria das pessoas enxergam em uma mãe, a dura rotina de criar, alimentar, educar, dar banho, trocar fralda, dar remédios, acordar a noite pra acalentar, fazer parte do grupo de mães da escola, organizar a rotina da casa, supermercado, cozinha, limpeza, e ainda ser mulher, filha, irmã, amiga e, no meio de tudo isso, manter a mínima sanidade mental é um desafio que, eu arrisco dizer, nenhum dos homens que eu conheço conseguiriam dar conta.
Uma mãe aprende tudo sobre efeitos colaterais de remédios, pesquisa os prós e contras de todas as escolas do bairro, consegue detalhar para o médico a evolução do comportamento da criança nos últimos meses, organiza as roupas, sapatos, não deixa faltar fralda, leite, os ingredientes da sopa e o lanche da escola. Têm aquelas que para trabalhar saem de casa com o nascer do sol para deixar a criança na escola, na creche ou na casa da mãe, mas antes de sair preparam a marmita pra família toda e enquanto isso pensam no que farão para o jantar.
Pra dar conta de tudo isso, a mulher-mãe precisa praticar diariamente habilidades muito valorizadas em grandes executivos. Planejam, orientam, delegam, identificam e solucionam problemas, atuam como nutricionista, enfermeira, professora, costureiras, consertam brinquedos, ensinam bons modos, contam histórias, somam, dividem e multiplicam como ninguém, tem o poder de tirar a dor só com um beijo e ainda conseguem dar o melhor colo do mundo.
Administram brigas entre irmãos.
Está sempre pronta para ouvir e consegue atender de forma eficiente aos 500 chamados pelo seu nome em menos de 8 horas. É exemplo, estimula o desenvolvimento individual e observa à distância, mas está sempre pronta para ajudar. Pratica a visão estratégica estando atenta a todos os movimentos, amizades, namoros. Tem um senso de responsabilidade e comprometimento poucas vezes visto. Se comunica perfeitamente inclusive em idiomas que não são ensinados na escola, como entendimento de palavras que nem foram ditas e de olhares perdidos.
Como é que um ser humano com todas essas habilidades pode ser preterido em algum cargo ou função? Se uma mulher tem um ou mais filhos, acredite, ela é capaz de fazer e de aprender qualquer coisa. E uma profissional como essa quando está comprometida com algo, transforma água em vinho. Mas, para que isso aconteça ela precisa estar comprometida com a empresa e com o seu gestor. Quando os chefes descobrirem o que uma mulher motivada e comprometida é capaz de fazer, as empresas crescerão de forma consistente e humanizada.
Por tudo isso, quando vejo uma mulher sendo diminuída ou rejeitada em uma posição porque tem filhos, o meu único sentimento é de pena da empresa que não é capaz de enxergar o seu potencial e a única coisa que eu tenho a dizer para essa mulher é que essa empresa não a merece.
Quem me conhece sabe que eu tenho uma filha de 8 anos que tem paralisia cerebral. A Maria Fernanda, carinhosamente chamada de Fefê, não anda, não fala, tem baixa visão, tem sonda para se alimentar e toma algumas medicações. Um dia cuidando da Fefê oferece mais aprendizado do que uma faculdade inteira de administração. Hoje me considero Phd em organização, planejamento, gestão de pessoas e trabalho em equipe.
Ana Paula Oliveira