Emprego e Trabalho no pós pandemia

16 de maio de 2021

O que vem pela frente?

Estamos em maio de 2021, 1 ano e 2 meses depois do início da Pandemia da Covid-19. Temos hoje no Brasil 14 milhões de desempregados, sendo 47% na região sudeste e 28% na região nordeste. Temos também 6 milhões de desalentados, que são as pessoas que desistiram de procurar emprego e desses, 22% têm entre 18 e 24 anos e 42% não acabaram o ensino fundamental. Isso significa que essa parcela da população não completou a fase dos estudos que ensina a ler e escrever e que fornece a base para toda a educação escolar básica.

Do lado das empresas, temos as grandes, que estão investindo cada vez mais em tecnologia e automatizando muitas atividades e consequentemente contratando mão de obra mais preparada. Há também as pequenas e médias empresas, que devido a pandemia estão sem condições de arcar com seus custos e encerrando suas atividades.

Diante desse cenário de incertezas, com jovens há mais de 1 ano sem estudar de forma adequada, empresas fechando e o mercado de trabalho procurando mão de obra qualificada, só nos resta imaginar que o futuro não será muito fácil pra ninguém. Uma coisa é certa, pequenas e médias empresas serão muito cautelosas na contratação de empregados, simplesmente por não conseguirem prever o que vem pela frente.

Hoje, contratar um funcionário é um ato de muita coragem. A partir da assinatura da Carteira de trabalho, começa o acúmulo de despesas irreversíveis como salários, férias, décimo terceiro, FGTS e contribuições à previdência.

Tudo isso reforça a ideia de que será muito difícil o mercado absorver, no curto prazo, tantos desempregados no formato convencional de carteira assinada. Imagino que o formato de emprego, como estávamos acostumados a ver até hoje, vai mudar radicalmente. Para não se comprometer com custos de contratação, sem saber se será possível honrá-los, muitas empresas vão optar por profissionais que prestem serviços temporários, como MEI (Microempreendedor individual) e como pessoa jurídica. Grandes chances de vermos, cada vez mais, esse novo formato de trabalho.  O emprego, aquele com carteira assinada e benefícios, será cada vez mais raro e aí está a certeza que é preciso estar pronto para ter uma disciplina financeira que permita viver dessa forma, estudar novas formas de trabalho e se conscientizar que esse é o futuro. Não adianta ficar esperando o mundo voltar ao normal, porque o normal como era antes já não existe mais.

Sabemos que a atividade econômica não vai acabar, as empresas vão encontrar uma forma de sobreviver e continuarão precisando de mão de obra, as pessoas continuarão comprando, talvez com mais cautela e priorizando itens essenciais, pelo menos por enquanto. Os canais de vendas também mudarão para sempre, as vendas online e o delivery conquistaram um espaço importante na vida das pessoas e despertaram hábitos que vieram para ficar.

Não dá pra saber se a oferta de emprego no formato tradicional de carteira assinada vai existir por muito tempo, mas uma coisa é certa, sempre haverá trabalho para aqueles que estiverem dispostos a aprender, a se dedicar, se reinventar e fazer o seu melhor.